10 de fevereiro de 2010

O Principezinho - Antoine de Saint-Exupéry

Antoine de Saint-Exupéry


Nasceu há cem anos, a 29 de Junho, em Lyon, Antoine de Saint-Exupery, autor de "O Principezinho", o livro mais traduzido em todo o mundo, a par da Bíblia e de "O Capital", de Karl Marx.
A sua morte, aos 44 anos, num acidente de aviação, ainda hoje permanece um mistério e adensou o mito à sua volta.
Órfão de tenra idade, Saint-Exupery desde cedo mostra apetência pelos aviões e fez o seu baptizado de voo logo aos 12 anos.

Com um aproveitamento irregular no Colégio de Jesuítas que frequentava, tenta a admissão à Escola Naval, mas não consegue, tendo então optado pela arquitectura.
Faz o serviço militar em Estrasburgo, no 2º Regimento de Aviação, obtém um brevet, e sofre o primeiro acidente aéreo (seriam mais cinco, ao longo da sua vida, alguns bastante graves, tendo chegado a fracturar o crânio, teve uma comoção cerebral, fracturas múltiplas, ficou parcialmente paralisado no braço esquerdo).
Trabalha em várias companhias aéreas.

O seu primeiro conto, "L'Aviateur" é publicado em 1926. "Courrier Sud", depois adaptado ao cinema, (Saint-Exupery dobrou ele próprio o actor principal nas cenas de voo) sai 2 anos mais tarde.
Em 1931 publica o romance, "Vol de Nuit" ("Voo Nocturno"), com prefácio de André Gide, a que é atribuído o prémio Femina.
Um pouco à semelhança da sua vida, "Voo Nocturno" mostra-nos um homem em que a coragem era tão natural que dela fazia pouco caso.
Nesse mesmo ano casa-se com Consuelo Saucin.
É repórter na Guerra Civil Espanhola em 1937 (como muitos outros intelectuais intervenientes do seu tempo, casos de Hemingway ou Orwell) e mobilizado como capitão em 1939, ano em que esboça "Le Petit prince" ("O Principezinho") e publica "Terre des Hommes" ("Terra dos Homens")".
Desmobilizado no ano seguinte, passa um mês em Lisboa, de onde parte para Nova Iorque.
Em 1942 sai "Pilote de Guerre" ("Piloto de Guerra"), que rapidamente se torna um best-seller. Em 1943 escreve e publica "Lettre à un Otage" e "O Principezinho".
É promovido a comandante, mas restringem-lhe os voos devido à idade.
Depois de oito missões na Córsega, mais três do que aquelas que lhe haviam autorizado, em 1944, com a 2ª Grande Guerra quase a terminar, é dado como desaparecido no dia 31 de Julho. Depois de ter descolado nessa manhã, desapareceu na imensidão azul celeste que tanto amara, numa derradeira missão sem regresso.

Não se sabe ao certo o local da queda.
Um pescador defendeu que foi na Baía de Cassis.
Em 1948 sai postumamente o seu romance "Citadelle" ("Cidadela").

A sua escrita encantou várias gerações.
Como diz Urbano Tavares Rodrigues, «(Saint-Exupéry) soube transmitir-nos as grandezas dos espaços aéreos e dos silenciosos desertos, as sensações do piloto na carlinga do avião, a pequenez do homem e a sua capacidade de se superar frente ao perigo, perante o infinito ou nas mais duras circunstâncias, como por exemplo as dos náufragos em terra inóspita, despojados de tudo.»




O pequeno príncipe é uma obra aparentemente simples, mas, apenas aparentemente.
É profunda e contém todo o pensamento e a "filosofia" de Saint-Exupéry.
Apresenta personagens plenos de simbolismos: o rei, o contador, a raposa, a rosa, o adulto solitário e a serpente, entre outros.
O pequeno príncipe vivia sozinho num planeta do tamanho de uma casa que tinha três vulcões, dois ativos e um extinto.
Tinha também uma flor, uma formosa flor de grande beleza e igual orgulho.
Foi o orgulho da rosa que arruinou a tranqüilidade do mundo do pequeno príncipe e o levou a começar uma viagem que o trouxe finalmente à Terra, onde encontrou diversos personagens a partir dos quais conseguiu descobrir o segredo do que é realmente importante na vida.
É uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à solidão.

Nós nos entregamos a nossas preocupações diárias, nos tornamos adultos de forma definitiva e esquecemos a criança que fomos.

8 de fevereiro de 2010

Às dez a porta fecha - Alice Vieira

Alice Vieira

Alice Vieira nasceu em 1943 em Lisboa.
É licenciada em Germânicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Em 1958 iniciou a sua colaboração no suplemento «Juvenil» do Diário de Lisboa e a partir de 1969 dedicou-se ao jornalismo profissional.
Desde 1979 tem vindo a publicar regularmente livros tendo, editados na Caminho, mais de cinco dezenas de títulos.
Recebeu em 1979, o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança com Rosa, Minha Irmã Rosa, em 1983, com Este Rei que Eu Escolhi, o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura Infantil, e em 1994 o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra.
Foi indicada, por duas vezes, como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen. Trata-se do mais importante prémio internacional no campo da literatura para crianças e jovens, atribuído a um autor vivo pelo conjunto da sua obra.
Alice Vieira é uma das mais importantes escritoras portuguesas para jovens, tendo ganho grande projecção nacional e internacional.
Foi igualmente apresentada por duas vezes, como candidata ao ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award).

Alice Vieira é hoje uma das mais importantes escritoras portuguesas para jovens, tendo ganho grande projecção nacional e internacional.
Várias das suas obras foram editadas no estrangeiro.



4 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria (1932 - 2010)

Rosa Lobato Faria (1932 - 2010)

A escritora, poetisa, argumentista, cronista e actriz Rosa Lobato de Faria morreu no dia 2 de Fevereiro, aos 77 anos, vítima de uma anemia grave que a manteve internada desde a semana passada.

Rosa Lobato Faria tinha 17 anos e queria ser actriz.
O pai deu-lhe a escolher.
Ou ia para a faculdade em Coimbra, com tudo pago, ou para o conservatório, em Lisboa, pagando o curso com um emprego.
Aceitou a vontade do pai.
Foi estudar Germânicas. Isso quanto tinha 17 anos.
Porque depois Rosa Lobato Faria, mulher forte e convicta, foi mesmo actriz.
E poeta, escritora, argumentista e compositora.
Quando questionada, respondia ser escritora.
Mas, acto contínuo, acrescentava que ser actriz não era muito diferente: criar personagens e dar-lhes vida.

Rosa Lobato Faria dizia que toda a poesia e literatura que escreveu partiu do Alentejo das suas férias de infância - daquela paisagem, dos cantares das pessoas, da força da tradição que ali pressentia. Também nisso era múltipla: mulher moderna e cosmopolita, mas que nunca escondeu um imenso fascínio pela cultura popular.

No momento da sua morte, recordamo-la pelas letras das canções que escreveu, pela presença na televisão e no cinema, pelo teatro e pela poesia compilada em volumes como Os Deuses de Pedra (1983). Recordamo-la também, obviamente, como romancista. O seu último livro, As Esquinas do Tempo, foi publicado em 2008. A sua obra, como refere em comunicado a Porto Editora, "está traduzida em Espanha, França e Alemanha e representada em várias colectâneas de contos, em Portugal e no estrangeiro".

Rosa Lobato Faria cumpriu o seu sonho.